terça-feira, 18 de maio de 2010



Preciso de Alguém

Meu nome é Caio F.

Moro no segundo andar,mas nunca encontrei você na escada

Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. Tão só nesta hora tardia - eu, patético detrito pós-moderno com resquícios de Werther e farrapos de versos de Jim Morrison, Abaporu heavy-metal -, só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas.

Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como - eu estou aqui, eu te toco também. Sou o bicho humano que habita a concha ao lado da conha que você habita, e da qual te salvo, meu amor, apenas porque te estendo a minha mão. (...)

Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura. Ah, imenso amor desconhecido. Para não morrer de sede, preciso de você agora, antes destas palavras todas cairem no abismo dos jornais não lidos ou jogados sem piedade no lixo. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã.

(Caio Fernando Abreu - Crônica publicada no “Estadão” Caderno 2 de 29/07/87)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Novos prazeres

Quem me conhece sabe muito bem que eu sempre tive um certo problema com a cozinha. Nós nunca nos demos muito bem.
Claro que já fiz algumas coisas boas, que eu gostei de fazer e que me deixaram muito feliz depois de pronto, vendo que estava bom. Principalmente doces... delícia!!!!
Mas ultimamente as coisas estão estranhas. Ando tendo umas vontades de cozinhar, fico vendo programas de culinária, receitas na net... ui
Como minhas noites de 3º, 4º e 5º estão tomadas, acho que 2º fico entediada e ando resolvendo cozinhar. E olha que acho que levo jeito.
Algumas das delícias foram: sopa de abóbora com gorgonzola, escondidinho de carne seca, e, hoje, um frango desfiado com molho bechamel, com queijo branco e tomate seco, gratinado... Caraca, ficou bom demais!!!

Me empolguei tanto que até fotografei o feito... rs...



Ah! e para acompanhar, uma boa caipirinha de sakê de kiwi e limão... hummmm... também fotografada... hahahaha




Ando tendo muitas idéias. Vamos ver o que surge na próxima segundona...
Será que isto vai virar um blog de culinária???
"menas, bem menas"... kkkkkkkkkkkkkkkkkk

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Deus sabe a minha confissão...

DrãO
Gilberto Gil

Drão!
O amor da gente
É como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela estrada escura...

Drão!
Não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Estende-se infinito
Imenso monolito
Nossa arquitetura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Cama de tatame
Pela vida afora

Drão!
Os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre, nasce trigo
Vive, morre pão
drão!
drão!