segunda-feira, 30 de junho de 2008

Eu sei! Eu sei!...


sei que a vida carece
de alguma certeza
uma promessa
que seja
uma faísca
uma proeza
sei que a vida carece
de uma palavra sem pressa
de uma fruta na mesa
de alguma leveza
sei que a vida carece
de se espalhar
na correnteza
pra não ficar
sempre na mesma
se utilizar
da sutileza
sei que a vida carece
de uma certa clareza
uma janela quebrada
uma saudade acesa
uma fagulha
que seja

sei que a vida merece
--arrudA--

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Tudo para ser uma Fênix

Também seria fênix
Ela só queria um pouco de paz. Trégua com as ansiedades, armistício com os pensamentos e, quando estivesse completamente sem testemunhas, rasgar-se e passar-se a limpo. Editaria seus medos em novas letras, novo timbre. Nunca mais voz passiva, matizaria seus desejos. Então na manhã seguinte à grande transformação, sob o pó de sua pré-existência, também seria fênix. Voaria para longe, vida renovada em plumagem colorida. Longe, longe, longe. Transformando em fogo toda a brasa que lhe inquietava. Errante, erraria. Exausta, retornaria. Mas afinal ciente de que todas as suas fantasias eram... somente fantasias. Cansada do vôo intenso, então poderia reconhecer a felicidade em todos os seus clichês. Poderia reapaixonar-se pela vida prosaica que tanto rejeitara: o sol de domingo, a brisa fresca, o borbulhante cheiro do café, os gritos das crianças e o sexo do marido. A suprema diferença? Voltaria exausta da busca, não mais de si mesma.




*'Rising Fenix' de Toon Diepstraten

terça-feira, 24 de junho de 2008

O Caô da Gastronomia

Uma das famas mais legítimas de São Paulo é a de que é uma “cidade onde se come bem”. De fato, da modesta padaria da esquina de bairro ao caro restaurante dos Jardins, há uma profusão inesgotável de sabores ao dispor do freguês.
Pensava nisso enquanto ligava para um amigo, em visita à cidade. (...)
Suas blagues verbais impagáveis completam o personagem. “Chefe de quem?” – consuma dizer quando alguém lhe diz “Fulano é o chef”.
Ouros clássicos: “comida boa não tem nome” e “gastronomia é um grande caô”. (...)
Além do quê, crítico e exigente como ele só, apesar de bem-humorado, meu convite hesitava entre a saudade de sua boa prosa e a vontade de revê-lo e o medo de errar desastrosamente na escolha do restaurante. Liguei para outro amigo, profundo conhecedor das cozinhas paulistanas, que me indicou um restaurante novo e simpático, especializado em pratos mediterrâneos, com um quintal arejado, ideal para uma conversa de velhos amigos. (...) ele ansioso para ser surpreendido na “capital gastronômica” do país.(...)
- Um dos maiores truques dos cozinheiros de hoje, que insistem em ser chamados de chefes, é enfeitar o óbvio, fazer tudo parecer mais sofisticado do que é – ele disse.
- Esse seria um mal do nosso tempo? Todo métier hoje tem essa cara de pau, não é? E acho que as pessoas estão mais “impressionáveis” do que nuncaretruquei.
Ele silenciou. (...) Começamos a comer em silêncio. Eu saboreava com prazer a comida, embora não me parecesse a sétima maravilha do mundo. (...)
Já no carro, voltando pra casa, perguntei-lhe finalmente: “e aí, gostou da comida? Não falou nada”. Ao que ele respondeu: “gostei, mas não foi memorável”. “Por que?”, insisti. Ele então disparou:
-
Passei quarenta anos aprimorando meu paladar em botecos suburbanos, padarias de esquina, restaurantes de terceira, bodegas interioranas, sei o que é bom... Cardápio não se come. Restaurantes como este me dão saudades do tempo em que se comia comida, não gastronomia.

Zeca Baleiro




O texto completo, que tem que ser lido, pelos detalhes, está no site oficial do moço, em bala na agulha.



E não é que o tal amigo tem razão, este deixou saudades... e algumas gramas a mais... rs



Restaurante simples, comida excelente. Além do atendimento mineiro, garanto que melhor que de restaurantes carésimos!! Inclusive, dá uma olhadinha no preço das cervejas... e o que não aprece, o da Skol, eu conto, mas não se assustem... R$ 2,22... e gelada!!! As comidas eu não vou nem comentar.
Viva São Paulo!!!

FOTOS, FOTOS... MUUUUUUUUITAS FOTOS

Pessoas, depois de muito tempo, coloquei as fotos das minhas férias, de festas, casamentos... enfim... tudo que estava desatualizado.

Entrem no Meu Espacinho... Cacá!!! e vejam tudo...

Beijosssssssssssssss

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Chicas

Não foi desta vez, mas, quem sabe um dia... por enquanto me delicio com vozes e vídeos das Chicas. E para começar, uma música de Gonzaguina, descoberta depois de sua morte. A história da música está no vídeo, que também tem um lindo "dueto".



Namorar
Chicas
Composição: Gonzaguinha

Meu amor eu quero é namorar
A vida é linda, você é linda demais
Descobri o segredo da paz
A paz é da cor do amor
E o amor, meu amor é de toda cor
É de toda cor todo coração
Já chegou já está
E nem quer saber o que será
Descobri o segredo da paz
A paz é no tom do amor
E o amor meu amor é em todo tom

Ah! Canta meu coração
Pra todo mundo ouvir
Canta que é feliz, diz
Linda é a nação do amor
Luz de lua, luz de sol
E é gostoso namorar


Este são elas cantando Gatas Extraordinárias de Caetano Veloso, apresentação no Som Brasil... Para quem não viu ou esqueceu...



Outra que gosto muito é Geraldinos e Arquibaldos, uma graça!! Também do Gonzaguinha!!
Ah!! E para quem não sabe, duas delas são SÓ filhas do Gonzaguinha!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

É PRECISO NÃO ESQUECER DE NADA


É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.


(Cecília Meireles - 1962)

Muita força amiga!

A Morte (Fernando Pessoa)

A morte é a curva da estrada.
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.

A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.

O. C., I, V, Poesias, p. 144.
Fernando Pessoa - Poemas Ocultistas- 23/05/1932




Sei que dói, mas tem muita gente que gosta de vc p te dar todo o apoio que precisar... inclusive sua madrinha aqui!!!
Fica bem... no seu tempo!!!
Beijão

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Nada

Não tenho nada pra dizer, tb não tenho mais o que fazer....
Mas não se preocupe, não vou terminar... só falta do que fazer, depois de um 0x0, duas caiporas, falação total e muita risada... só isso, isso só!!!

domingo, 15 de junho de 2008

Deixe a menina "dançar" em paz...



Geraldas e Avencas (Grupo de Dança 1º Ato) traz à cena uma reflexão sobre a plastificação e padronização da estética na contemporaneidade e sobre o embrutecimento das relações que levam a uma descaracterização, expectativa de perfeição que mutila, agride e provoca deformações. O resultado não pretende nenhum juízo de valor, mas aponta para uma outra possibilidade do belo, a partir de marcas, traços, cicatrizes que nos diferenciam e assinam nossas diferenças. A trilha sonora original de Zeca Baleiro acompanha e enriquece o tom crítico e poético presente no conceito e na dramaturgia da obra. O 1ºAto comemora seus 25 anos com uma montagem sensível ao seu tempo, reflexiva às contradições do mundo contemporâneo.



“Geraldas e Avencas” questiona o quanto é fugaz o conceito do que é belo e como homens e mulheres se submetem à mutilação para se enquadrar nesses parâmetros efêmeros de beleza. Sua proposta é apontar as cicatrizes e imperfeições, já que elas são marcas da vida e da história de cada um.





** NOTA DA AUTORA**

Num bate papo com a coreógrafa Suely Machado, com os bailarinos e com (o espetácular) Zeca Baleiro, que fez a trilha do espetáculo, a idealizadora explica o significado do nome. A Cia é mineira, e dizem que todos os mineiros tem uma vó, tia, empregada, costureira, babá... chamada Geralda, que significa mulher guerreira. E Avenca é uma flor "fresca" ( como ela mesma disse) que simboliza o frágil, o erudito, em contaposição ao simples... E o espetáculo é exatamente isso, força e delicadeza!!!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

São demais os perigos desta vida para quem tem paixão...

Perigos que valem a pena serem vividos.

E revividos.

E vividos novamente.

E novamente.

E novamente!!!!!!!!!!!

domingo, 8 de junho de 2008

Recordar


Recordo-te como eras no derradeiro outono.
Eras a boina gris e o coração em calma.
Nos teus olhos lutavam as chamas do crepúsculo.
E caíam as folhas em água de tua alma.

Aos meus braços colada qual uma trepadeira,
as folhas recolhiam tua voz úmida e em calma.
Oh fogueira de pasmo em qual ardeu minha sede.
Doce jacinto azul torcido na minha alma.

Sinto o viajar dos olhos teus e é longe o outono:
boina gris, voz de pássaro e coração de casa,
para onde emigravam meus profundos anseios
e caíam meus beijos alegres como brasas.

Céu, visto de um navio. Campo, visto de um monte.
Tua lembrança é de luz, de fumo e lago em calma!
No fundo dos teus olhos ardiam os crepúsculos.
Folhas secas de outono giravam na tua alma.


Pablo Neruda

Vinte poemas de amor e uma canção desesperada


Natureza

“Allégorie de soie” - Salvador Dali -http://www.art.com/




Alberto Caeiro

XL - Passa uma Borboleta

Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.


sexta-feira, 6 de junho de 2008

Paz e Amor


De volta ao mundo real... mas com a alma leve!!!
Depois mais detalhes, informações, sentimentos, sensações... E fotos!!!