Também seria fênix
Ela só queria um pouco de paz. Trégua com as ansiedades, armistício com os pensamentos e, quando estivesse completamente sem testemunhas, rasgar-se e passar-se a limpo. Editaria seus medos em novas letras, novo timbre. Nunca mais voz passiva, matizaria seus desejos. Então na manhã seguinte à grande transformação, sob o pó de sua pré-existência, também seria fênix. Voaria para longe, vida renovada em plumagem colorida. Longe, longe, longe. Transformando em fogo toda a brasa que lhe inquietava. Errante, erraria. Exausta, retornaria. Mas afinal ciente de que todas as suas fantasias eram... somente fantasias. Cansada do vôo intenso, então poderia reconhecer a felicidade em todos os seus clichês. Poderia reapaixonar-se pela vida prosaica que tanto rejeitara: o sol de domingo, a brisa fresca, o borbulhante cheiro do café, os gritos das crianças e o sexo do marido. A suprema diferença? Voltaria exausta da busca, não mais de si mesma.
2 comentários:
gostei do texto, rs, rs. Só o título que está diferente. Na verdade, é "Também seria fênix".
Bjs e prazer em te conhecer virtualmente!
Falha nossa!!! rs
O título é meu mesmo... tuuuuuuudo mesmo!!!!
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