quarta-feira, 30 de abril de 2008

terça-feira, 29 de abril de 2008

Maria e Omara

Nunca fui a pessoa mais fã de Maria Bethânia, mas falaram tanto deste CD que tive que ouvir. E descobri que ela realmente não é minha cantora predileta. Mas esta versão de Marambaia, originalmente gravada (brilhantemente como sempre)por Elis Regina (talvez ela seja uma das prediletas), é uma graça... gostei mesmo!!!


Maria Bethânia e Omara Portuondo no Canecão

Coisa mais linda!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Fernanda Takai e Rodrigo Amarante - O Ritmo da Chuva

Hj vai ser só música!! Sem concentração para ler... rs

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Fala sério!!!

Estou eu andando pela rua, com a cabeça cheia de problemas, qdo me deparo com uma revista de fofoca numa banca de jornal, dizendo que o Rafinha, aquele do BBB8, ficou desiludidinho com a imprensa e agora está um "milionário triste"... ô judiêra!!!

Vou sugerir que ele me dê todo o seu $$ e seja feliz, pq eu seria suuuuuuuuuuuuuper...

É cada uma... Melhor ler isso que ser cega... além de pobre... rs

E o pior é que a galera compra a revista... e devem ficar com peninha do pobrezinho milionário (desculpem o trocadilho)

Pá PQP!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Alguém que...........

alguém que me acenda
nas horas escuras
alguém que me acuda
alguém que me escute
mesmo calado
alguém lado a lado
alguém que esparrame
flores no meu tatame
alguém que me chame
quando o cameta passar
alguém que me assopre
que me espalhe no ar
alguém com o seu nome
alguém com
a mesma

fome


--arrudA--

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Mais de Inés da Minha Alma

Sobre o Novo Mundo (do qual nós fazemos parte)
"Neste Novo Mundo o ar é quente, propício à sensualidade; tudo é mais intenso, a cor, os perfumes, os sabores; inclusive as flores, com suas terríveis fragrâncias, e as frutas, mornas e pegajosas, incitam à lascívia."

Sobre o amor de Inés e Valdivia, por Inés
"Pedro de Valdivia havia se formado no fragor da guerra, nada sabia de amor, mas estava pronto para recebê-lo quando este chegou. Levantou-me nos braços e me levou para a minha cama em quatro longos passos, onde caímos, ele por cima de mim, beijando-me, mordendo-me, enquanto se desprendia do gibão, das calças, das botas, das meias, desesperado, aos safanões, com os brios de um rapaz. Deixei-o fazer o que quis, para que se desafogasse; quanto tempo havia passado sem mulher? Apertei-o contra meu peito, sentindo as pulsações de seu coração, seu calor animal, seu cheiro de homem. Pedro tinha muito que aprender, mas não tinha pressa, contávamos, com o resto de nossas vidas e eu era boa professora, ao menos isso podia agradecer a Juan de Málaga. Quando Pedro compreendeu que a portas fechadas eu é que mandava e não havia desonra nisso, se dispôs a me obedecer de excelente humor. Isso demorou algum tempo, digamos quatro ou cinco horas, porque ele achava que a entrega correspondesse à fêmea, e a dominação, ao macho; assim tinha visto nos animais e aprendido em seu ofício de soldado, mas não foi em vão que Juan de Málaga passou anos me ensinando a conhecer meu corpo e o dos homens. Não afirmo que todos sejam iguais, mas se parecem bastante, e com um mínimo de intuição qualquer mulher pode contentá-los. O contrário é que não é a mesma coisa; poucos homens sabem satisfazer uma mulher e menos ainda são os que estão interessados em fazê-lo. Pedro teve a inteligência de deixar sua espada do outro lado da porta e se render a mim. Os detalhes desta primeira noite não importam muito, basta dizer que ambos descobrimos o amor verdadeiro, porque até este momento não havíamos experimentado a fusão do corpo e da alma. Minha relação com Juan foi carnal, e a de Pedro com Marina, espiritual; a nossa foi completa.”

De Valdívia para Inés
"- Aqui comigo dona Inés Suárez! - exclamou, e qunado me adiantei aos soldados e oficiais para colocar meu cavalo junto ao seu, acrescentou em voz baixa: - Vamos para o Chile, Inés da minha alma..."

Filosofia Mapuche, os índios chilenos, sobre Deus e fé
“Uma vez por ano as tribos se juntavam em campo aberto para um Nguillatún, invocação ao Senhor do Povo, Ngenechén, e para honrar a Terra, deusa da abundância, fecunda e fiel, mãe do povo mapuche. Consideram uma falta de respeito incomodar Deus todo domingo; como nós, uma vez por ano é mais que suficiente.”

Sobre a vida, por Felipe (Lautaro), índio Mapuche
“Há dias alegres e há dias tristes. Cada um é dono do seu silêncio.”

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Esquecimento total!! E imperdoável

Agora que fui dar uma olhada no blog, que vi que esqueci de colocar a letra da lindíssima música do filme "Once". Mas estou aqui para reparar a minha falha... e dizer que acho q já ouvi todas as versões existentes no You Tube... rs
Também gostei muito de mais duas outras músicas: Fallen fron the sky e If You Want Me (é outra cena, no mínimo, emocionante)

Falling Slowly
Glen Hansard

I don't know you
But I want you
All the more for that
Words fall through me
And always fool me
And I can't react
And games that never amount
To more than they're meant
Will play themselves out

Take this sinking boat and point it home
We've still got time
Raise your hopeful voice you have a choice
You've made it now

Falling slowly, eyes that know me
And I can't go back
Moods that take me and erase me
And I'm painted black
You have suffered enough
And warred with yoursel
fIt's time that you won

Take this sinking boat and point it home
We've still got time
Raise your hopeful voice you had a choice
You've made it now

Take this sinking boat and point it home
We've still got time
Raise your hopeful voice you had a choice
You've made it now
Falling slowly sing your melody
I'll sing along

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Once

Saí do trabalho e rumei ao cinema, coisa que estou tentando fazer há dias, mas sempre acontece algo que me faz ir direto p casa. Hoje pensei "Nada me segura, vou assistir o filme que estou querendo"

O filme que tinha visto que estava em cartaz era "Um sonho dentro de um sonho" (que ainda quero ver), mas quando cheguei na bilheteria a moça me disse que esta era a programação da semana passada e o que estava passando exatamente naquele momento era "Apenas uma vez", que eu (achava que) nunca tinha ouvido falar, pois o nome original é "Once".

Mas como eu já estava lá mesmo... Paguei p ver!!! (E recomendo que paguem também!!!!)

E qual não foi a minha surpresa quando descubro que era o filme que ganhou o Oscar de melhor canção original, e que, na apresentação no dia da entrega do prêmio, eu tinha ADORADO... no filme então... enquanto eles cantavam eu me sentia flutuando... Cena simplesmente brilhante, com uma música linda... "Falling Slowly" - pra vcs se deliciarem, espero que tanto quanto eu!!!



Vou colocar aqui apenas um trecho da crítica, que fala justamente desta cena . Caso queiram ler a crítica na íntegra... divirtam-se aqui.


"Preste atenção na cena da loja de instrumentos musicais, prova dessa sensibilidade. É bela metáfora de início de relacionamento. Uma nota tímida aqui, um ensinando ao outro uma nova dinâmica ali, os dois buscando os mesmos acordes. O futuro pode ser uma música, um álbum ou apenas uma canção isolada, seja ela perfeita ou fora do tom. As chances e os riscos do relacionamento rumarem por um caminho ou o outro são infinitos. E parte do processo de amadurecimento é medir tais riscos."



Voltei até mais leve pra casa!!!

Deu vontade???

Então coooooooooorre p cinema!!!!!!!!!!!!!!!!!!

"Que se ja eterno enquanto dure"

TUDO PELO BOFE, TUDO PELA NEGA

Tudo é possível nos floridos inícios de namoros, cachos, romances, acasalamentos etc. Tudo na base do “ora direis, ouvir estrelas”.
Vale tudo.
Fazemos os 12 trabalhos de Hércules assobiando.
Carregamos, sem suar, a pedra que tanto pesou sobre o velho Sísifo.
O que você não me pede chorando que eu não te faça sorrindo?
Uma amiga acaba de me contar aqui, durante um vinho, o seu último sacrifício do gênero: fez uma interminável trilha pelo mato, daquelas que deixam até o mais caminhador dos índios ianomâmis no bagaço.
Tudo pelo bofe, seu mais novo pretendente.
Para completar, o rapaz, um Apolo, segundo ela, é vegetariano radical.
“Olhos azuis!!!”, ela gasta as exclamações. O mais é impublicável neste blog de carapuças e bons costumes.
O rapaz, diz ela, é vegetariano sectário. Carne nem pensar. E ela ama um filé mignon, um cordeiro, uma picanha, um galeto de padaria ou de esquina. Ama mas tem fingido que detesta...
Nada de bebida alcoólica, também apregoa. E ela adora uma boemia sem regras.
Lá vai então a nossa “sedentária ativista”, como ela se define, na mais íngreme das trilhas na selva. Haja mata atlântica. Quatro minutos depois ela já passava mal. Um inferno verde de Dante. Achava que iria morrer.
“Ele pegou e ficou segurando a minha mão”, derrete-se a nega qual Aviação de latinha.
Ah, uma cerveja!, ela pensava enquanto ele ofertava aqueles líquidos de atleta.
Os sacrifícios dos capítulos iniciais da paixão, do amor ou do possível amor.
O pior, brincamos, é que ele não come nada que tenha rosto _eis a moral dos vegetarianos.
E a minha amiga, é bom que se diga, tem um rosto lindo, lindo, lindo. Um espetáculo na flor dos seus 35 veraneios.
Além de trilha, o cara também faz yoga.
O que me fez lembrar de um amigo, nordestino de boa cepa que habita São Paulo há tempos, que começou a fazer yoga (olha o biquinho do “ô” fechado!) por causa de uma mulher que frequentava a tal aula. Sacrifícios do amor, ora veja.
Faz-se de tudo na paixão roxa.
Meu amigo Moreno, por exemplo, odeia comida japonesa, mas vive a empanturrar-se dos sashimis mais exóticos por causa de uma gazela. “Adooooro tudo do mundo oriental”, derramava-se o canalha. “Tóquio é uma maravilha, estive lá no ano passado; na próxima a gente vai juntos”, mentia o adorável carioca.
Tudo é possível no momento de bater o centro, dar o pontapé inicial no namoro, no cacho, no rolo, no romance, seja lá que batismo tenha essa arte de juntar duas criaturas para o bem-bom da vida.
Faz-se de tudo. Até sexo em pé numa rede, essa arte-mor nunca prevista pelos manuais, catecismos ou Kama Sutra, mas nobilíssima para as tribos do norte.
Faz-se de tudo. Intelectual apaixonado lê Paulo Coelho, quando o autor é o preferido da sua costela, e ainda encontra um corte epistemológico para morrer de elogiá-lo. Vale tudo, o amor tudo pode.
Machão tosco vê cinema francês ou iraniano e chora de molhar a camisa; mulher se acaba de torcer num Fla X Flu, num Tupi x Atlético, num Sport x Salgueiro, num Botafogo x Madureira...
Isso é lindo, aqui e agora, viva a densidade possível. Depois é depois, ai é só tentar continuar na arte zen de consertar chuveiros e encrencas... Casar ou comprar uma motocicleta será sempre o nosso eterno dilema.

sábado, 19 de abril de 2008

Inés da Minha Alma





Eu só vim para dizer que terminei o livro, e que não consigo escrever sobre ele... ou melhor, sobre ela: Inés Suárez. Mas vou me "apossar" de um texto que encontrei num blog, falando do livro e de Inés.




Inés pela ótica de Isabel (por célia musilli)

Isabel Allende acaba de lançar “Inés Del Alma Mía” (que no Brasil se chama "Inés da Minha Alma). Ela recupera a história da única mulher a participar da conquista do Chile. O livro foi lançado esta semana em Santiago e resgata a vida da costureira espanhola Inés Suárez que , com a permissão da Igreja, embarcou para a América atrás do marido, Juan de Málaga, mas ao chegar descobriu que ele havia morrido.Ela permaneceu e conheceu Pedro de Valdivia, por quem se apaixona, decidindo ir com ele conquistar territórios inóspitos.

“Quando Pedro de Valdivia decide deixar tudo e vir para este “cemitério de espanhóis” que era o Chile, Inés diz “vou com o senhor” - relata a autora reproduzindo um suposto e delicioso diálogo secular.
Isabel Allende afirma que se identificou com a heroína do livro: “Chegou um momento em que me senti completamente ela, porque eu também teria seguido um homem por quem estivesse apaixonada e defendido o que criamos com uma espada na mão.”

...

Encontrar Inés Suárez não foi tarefa fácil para Isabel Allende. Havia poucas informações sobre ela e a única descrição dá conta de que era uma “mulher com uma longa cabeleira castanha”. A autora pesquisou durante quatro anos, buscando pistas de Inés e reconstituindo o ambiente e o tempo em que viveu. Empreendeu assim uma viagem através dos séculos até chegar à história de uma mulher que, como outras, poderia ter nascido, vivido e morrido anonimamente na Europa, mas por conta daquela chama que leva pessoas a outros destinos, aventurou-se pela América.
Com Pedro Valdivia, que fundou o Chile em fevereiro de 1541, ela viveria uma saga sangrenta. Bem se sabe à custa de quantas vidas os espanhóis colonizaram a América. Somadas as perdas para ambos os lados, não deixa de ser interessante conhecer a História e saber, que há quase cinco séculos, uma costureira trocou as agulhas pela espada. Inés de Suárez era seu nome. E devia ser tão corajosa quanto uma leoa.



** NOTA DA LEITORA**

Acho q não poderia haver momento mais propício para ler este livro, que trata de guerra, de coragem, de amor... sem nunca um perder um do outro!!!
Depois vou postar alguns trechos do livro (basicamente da parte do amor), para vocês terem uma idéia da intensidade destas mulheres: Inés Suáres e Isabel Allende

E outra coisa que não posso deixar de comentar, pq foi uma coisa que me chamou atenção durante toda a leitura: a capa!!! Simplesmente divina, de Silvana Mattievich. Que na minha modesta opinião foi a capa mais bonita das edições deste livro.







sexta-feira, 18 de abril de 2008

Eu queeeeeeeeeero


Casa No Campo - Clip 1972

O audio não está muito bom, mas vele pelo clip... e pela música, ovibiamente!!!!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ponto de vista



A língua humana é cabal para dizer o que se passa no espírito, mas incapaz de dizer o que vem do coração. E acrescentou esta sentença que é engenhosa, mas velha: com os lábios fala a cabeça, com os olhos o coração.




O coração é um mar, sujeito à influência da lua e dos ventos.




Machado de Assis

Lisboa Connection

1º de abril

Parece mentira, sobretudo no dia dedicado a elas. Não é. Mudo de casa e conheço a vizinha em circunstâncias atípicas: ela, vestida; eu, nem por isso. Como foi que o encontro aconteceu? Durante séculos, pais e avós ensinavam os filhos e os netos a bater antes de entrar. A minha vizinha, que provavelmente já tem netos, não teve pais nem avós.

Na noite anterior, depois de jantar generoso, entrei em casa e encostei a porta, na crença sincera de que a trancara. Não tranquei. Encostei. A vizinha, ao ver a porta entreaberta na manhã seguinte, resolveu investigar se havia ladrões no prédio. Não havia. Como a casa é um pequeno estúdio, com cama ao centro, a prestável senhora encontrou apenas o presente cronista, tão inocente como veio ao mundo, dormindo um sono pueril.

Houve um ligeiro grito (dela). Houve um acordar violento (meu). Erguendo o tronco, encontrei a benemérita literalmente aos pés do leito, ruborizada como um bife tártaro, com os olhos postos onde Adão e Eva não encontravam pecado (antes da maçã). E, sem os desviar, ainda perguntou se a porta era para fechar. Esmerado como sou, agradeci a gentileza e a porta fechou-se. Do outro lado, risos insanos e a frase abismada "Tu não vais acreditar no que eu acabei de ver" (provavelmente, falando ao celular) deram o golpe final no meu sono moribundo.

O bairro promete.

*
4 de abril

Os meus amigos não dispensam o psicanalista. Uma vez, duas vezes por semana. Um deles é incapaz de tomar uma decisão, qualquer que ela seja, sem telefonar primeiro ao confessor. Como explicar tudo isto?

O poeta Philip Larkin resumiu o problema em "This be the verse", a composição poética que lhe custou o título de "Sir" pelo uso de linguagem chula nos primeiros versos. Injusto, Majestade. Com "They fuck you up, your mom and dad", Larkin não se limitava a explicar a forma como os pais tendem a arruinar a vida dos filhos; Larkin vai mais longe e explica que a culpa não é inteiramente dos pais: eles limitaram-se a ter a vida arruinada pelos avós, e os avós pelos bisavós, e por aí fora. Mas arruinada com quê?

Com as expectativas envenenadas que os pais tendem a colocar sobre a descendência, sobretudo na vulgar sociedade meritocrática em que vivemos. Olho para os meus amigos, alguns deles pais. E não deixa de ter o seu encanto a forma como eles usam os filhos para compensar frustrações privadas. As crianças não são crianças, destinadas a crescer, aprender, acertar, falhar e, sobretudo, procurar. São antidepressivos que servem para aliviar os fracassos dos progenitores: se os pais não ganharam o Nobel, eles esperam ansiosamente que os filhos cumpram a missão. O bom nome da família depende disso.

E o cenário tende a piorar, segundo Adam Philipps, um conhecido psicanalista britânico que, além de cultura literária suprema, tem a honestidade de não apresentar a "felicidade" como artigo de marketing. Em texto para a revista "Prospect", Phillips critica a ambição do governo inglês (e, a prazo, dos vários governos europeus) em ensinar "Felicidade" como disciplina escolar. Para Phillips, ainda que a "Felicidade" fosse matéria ensinável (obviamente, não é), aulas de "Felicidade" acabariam por gerar resultados perversos, sobretudo entre os alunos mais "relapsos". A ideia totalitária de que só vidas felizes valem a pena ser vividas transforma os "infelizes" numa nova classe de leprosos morais.

Para Philipps, uma vida educada não serve para nos tornar mais felizes. Serve apenas para que as pessoas possam suportar a infelicidade e receber o seu oposto quando ele acontece. Mas quem está disposto a este programa mais modesto? Não os meus amigos. Eles correm para o psicanalista ao mesmo tempo que preparam os filhos para os psicanalistas de amanhã.
*
11 de abril

Herdei vários traços do meu avô. Os olhos, a pele clara, o cabelo ondulado. Mas nenhum me orgulha tanto como a tendência permanente para falar sozinho. Ainda não atingi o patamar dele, é certo: o meu avô tinha várias conversas, a várias vozes e com vários personagens, normalmente em salas de tribunal imaginárias. Havia verdadeiros enredos, com testemunhas histéricas e réus injustamente condenados, que eu escutava, fascinado e às escondidas, juntamente com a família amedrontada.

Mas faço o que posso: uma ou outra entrevista aqui e ali; actuações operáticas no Radio City Hall; e o hábito, desagradável para terceiros, de elaborar sistemas metafísicos enquanto caminho pela rua. A rua costuma parar, espantada; os mais velhos benzem-se e apressam o passo.

Um erro. Cientistas britânicos, em artigo para a "Early Childhood Research Quarterly", chegaram à conclusão que as crianças que falam sozinhas normalmente conseguem executar tarefas com maior proficiência. Esta espécie de treino mental, se exercitado ao longo do crescimento, pode também dar frutos na idade adulta, permitindo racionalizar problemas e verbalizar soluções de forma clara e ordenada.

Nada que eu não soubesse já. Digo mais: no dia em que arranjar secretária suficientemente ágil de dedos e liberal de cabeça, passarei a ditar as minhas crónicas diretamente da cama, como Churchill fazia com seus discursos.

Pensando bem, talvez a minha vizinha seja a pessoa certa para o trabalho.
***************
Estes foram trechos de uma crônica de João Pereira Coutinho para aFolha de São Paulo.
Vale a pena ler tudo!!!

Espelho, espelho meu....



vista a sua pele
coma com seus dentes
abuse das cores
transparentes
fale a sua língua
a lua está tão linda
ouça seus rumores
grite seus poemas
respire pelos poros
se mostre
para seus olhos
solte o freio
acerte em cheio
diga a que veio

gosto quando você
se parece com você



-- arrudA--

quarta-feira, 16 de abril de 2008

DOU RISADA DE UM GRANDE AMOR

O cara sempre acerta!!! Vc lê um texto de uma mulher desiludida, mas firme e pensa: pô, e não é que ela tá certa!! Tem que superar, passar por cima, usar quem te usou e tal...
Aí, no final do texto, onde XS faz sua considerações, pronto... muda tudo e vc pensa... tava tão errada quanto ela... ele que tem razão... pena que é quase só ele!!!

http://www.youtube.com/watch?v=kPu200ogx40
Como eu ainda não sei colocar vídeo (se alguém souber pode me contar), abram outra janela mesmo, e ouçam enquanto lêem o texto... principalmente quem não conhece a música!!!

DOU RISADA DE UM GRANDE AMOR
Xico Sá

“Tinha cá pra mim que agora sim, eu vivia enfim o grande amor, mentira!”
Encontro minha amiga A., no nosso botequim predileto, e a desalmada vai logo anunciando, com a ironia fina que a acompanha na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença.
Sempre tem boas histórias e uma mania louca de escolher uma música, normalmente Chico Buarque, para trilha das sagas românticas.
Como Chico tem um vasto elenco de personagens femininos e incorpora as dores e delícias das mulheres, ela escolhe no capricho, no ponto. Moleza, garoto.
“Tinha cá pra mim que agora sim, eu vivia enfim o grande amor, mentira!”, ela repete e repete, enche o saco com o “Samba do grande amor”.
Essa música nem é protagonizada por uma fêmea, e sim por um homem desiludido do amor, um cabra cujo destino parafusou-lhe na testa belos objetos pontiagudos, como diria o compay Marçal Aquino.
Mas ela insiste e canta assim mesmo. Pior: canta e ri, uma loucura. Que diabo de sofrimento é esse com essas gargalhadas todas?
A moça é assim mesmo. Não tem jeito. E olhe que nem pediu caipiroscas de frutas vermelhas nesse dia, ficou apenas no chope, coisa fina e civilizada.
“Morrer dessa vez é que não vou”, tira onda. “Ih, estou escaldada, velho Francisco”.
O que A. me contou uma das coisas banais que mais escuto das minhas amigas nos últimos tempos. E olhe que sou conselheiro, ombudsman das moças, cupido e ouvidor-geral de muitas crias das nossas costelas.
“Sua carteira de desesperadas é grande”, ela mesma tira uma boa onda sobre um ofício que desenvolvo com gosto e curiosidade desde os verdes anos –quando sequer eu sabia o era uma mulher para valer, conhecia apenas as cabritas e as bananeiras.
A amiga deparou-se com mais um desses homens que prometem, ensaiam, jogam um charme, cultivam, cantam de galo... comparecem e..., sem dizer nada, tomam o clássico chá de sumiço.
“Por essas e por outras é que agora prefiro um bom canalha a um homem frouxo”, prega a amiga, conquistando rapidinho o apoio da mesa feminina ao lado. “Um canalha pelo menos me pega com gosto e temos noites deliciosas”.
Defende a tese e emenda, riso desavergonhado: “Passava um verão a água e pão, dava o meu quinhão pro grande amor, mentira!”É rapazes, é tempo de homem frouxo, que corre mesmo diante da possibilidade de uma história mais densa e afetiva. Não sabem o que estão perdendo. A começar pela minha amiga cantante, belo exemplar da raça, no auge dos seus 3 ponto 6, boa conversa, boa lábia, gostosa, bocão e um humor capaz de tornar o mais nublado dos dias no dia mais alegre e comovente para o cara que estiver ao seu lado. Sorte deste hombre!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

E existe outra maneira?? E pode??




Eu te amo,

sem saber como... ou qdo... ou de onde...

eu te amo simplismente sem complicações, nem orgulho.

Então, eu te amo pq não conheço outra maneira...

tao perto!

tão perto que tua mão no meu peito, é minha mão...

tao perto, que quando fecha os seus olhos eu adormeço...

Para viver um grande amor


Vinicius de Moraes

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

Texto extraído do livro "Para Viver Um Grande Amor", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1984, pág. 130.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

quando choro


quando choro


quando choro

todos os rios do mundo chovem no meu corpo

todos os amores represados desaguam no meu corpo


todos os amanheceres me anoitecem no olhar

por isso

aqui fico

navio soterrado na margem


assim


de braços calados


sem lágrimas


Jorge Casimiro in “murmurios ventos”, edição Jorge Casimiro e Pássaro de Fogo, 2006

Sonhos e mais sonhos!!


Há quem diga que todas as noites são de sonhos.

Mas há também quem garanta que nem todas,

só as de verão.

No fundo isso não tem importância.

O que interessa mesmo

não são as noites em si,

são os sonhos.

Sonhos que o homem sonha sempre.

Em todos os lugares,

em todas as épocas do ano,

dormindo ou acordado.


(Shakespeare)

Repetindo (quase) tudo!!!

Vou colocar aqui algumas postagens do outro blog, que eu gostei muto, e agora quero que as pessoas vejam... Vou postar várias coisas, mas não se preocupem... é tudo ctrl+c e ctrl+v... rs
Espero que gostem!!!

terça-feira, 8 de abril de 2008

Vou fazer minha humilde homenagem ao grande cantor Wilson Simonal, que após ser acusado de dedo-duro na época da ditadura, foi esquecido pela mídia e pelo público!!

Acusação que nunca foi provada, mesmo após a sua morte, em 2002, quando os familiares pediram para reabrirem o precesso...



Começo com a minha preferida!!!!!!

Sá Marina



Que Ivete Sangalo gravou lindamente (embora os fã-nático-s digam q não)



Vem Balançar - Com Elis Regina




E o cômico Meu limão meu limoeiro na TV Record, mostrando como ele sabia comandar um auditório!!

Filmes que me fizeram chorar - Parte I

Terapia do amor, com Uma Thurman e Meryl Streep.





A cena final foi onde eu me acabei. Ele olhando para ela pela janela do restaurante... ela o vendo no meio da neve... caindo... caindo...

E os dois pensando que poderia ter dado certo, e/ou que provavelmente não... e ficaram, ambos, com uma recordação boa!!!


**NOTA DA AUTORA**

Deu um medinho de virar a lembrança boa, ou de só ficar com uma lembrança boa!!!

Travessia





"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos"




Fernando Pessoa

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Mais do mesmo, mas de outro livro, mas sobre o mesmo

Ficou confuso, então leia, no livro dentro de um livro, o conto ESTÉTICA de Antonia Pellegrino – tem um trecho dele na descrição do blog.


by ©Noelle Cristen

- ... não me importa se você realmente fez um ménage. Você pode ter visto filmes, lido, inventado ou feito. Tanto faz. Com exceção do Kama Sutra, sexo é sempre a mesma coisa, imaginação.

(outras) Partes grifadas

(não por mim, pq o livro não é meu... rs)

Adán y Eva - Rosario de Velasco (1932)


... sentimentalidade é a avaliação do sentimento em relação a ele mesmo. É, pois a exageração do sentimento.

Acho surpreendente o que pessoas que não gostam de sexo fazem com o sexo. Fazem-no racional, fazem-no moral. Muitas vezes, as pessoas mais perversas são as que não gostam de sexo. São muitas vezes as preparadas para qualquer coisa.

A essência de uma fantasia é que é completamente amoral não tem nada a ver com a realidade.

... o sexo não é especifico. Não é original. Podemos achar que nossa perversão é exclusivamente nossa, mas não é. A perversão é geral. As perversões são universais. Cabe a nós torná-las específicas.

Moshe gostava muito das conotações de film noir da melancolia. A chuva, pensou, pelo menos era o tempo certo para a tristeza.

** Política - Adam Thirlwell**

Já começo reclamando...

E testando... rs
Calma, já vou explicar!
Eu tinha um My Space, que é vinculado ao MSN. Isso mesmo, TINHA, pq ele foi tirado do ar. Isso mesmo, TIRADO DO AR.
E sabem pq?
Por não cumprir o "Código de Conduta" (que é estabalecido e chacado pelos americanos).
Isso mesmo... Quem já visitou a póstuma página, sabe que lá só tinham as minhas fotos, que colocava p a galera ver e pegar sem eu ter q mandar por mail, e músicas, poesias, trechos de livros. E sempre uma foto ou um vídeo para ilustrar o texto. E um dos textos, o último era este:

Sobre o egoísmo: (Trechos do livro Política de Adam Thirlwell)

Uma generalização é esta: as pessoas em geral pensam que um gesto nobre é inerentemente melhor do que um gesto pragmático. Mesmo que seja ineficaz e potencialmente prejudicial para alguém, um ato nobre ainda assim é nobre, ainda assim é moral

... ter gestos possivelmente inúteis não é nobre de modo algum. Não, é só uma forma de exibicionismo. Um ato que poderia ser considerado nobre é, portanto apenas egoístico.

É possível, afinal de contas, que um ato pareça altruístico, mas que no fundo sirva a um interesse pessoal.

Não acho que as pessoas sejam muito inteligentes no que diz respeito ao egoísmo. Não acho que entendam como ele pode ser moral. Porque moral é se recusar a ser auto destrutivo. É uma posição absolutamente moral.

Mas o que há de errado no egoísmo? O egoísmo às vezes também é moral.

Que fazia parte de uma série de trechos de livros que eu estava postando. E para ilustrar, coloquei esta figura, para ilustrar a dubiedade do texto, o linha tênue entre o bem e o mal, que é um suuuuuuuuuper atentado ao pudor:



Bom, já posto isso logo de cara, assim eu já sei se continuo este blog, ou se serei deletada novamente!!!

Caso este meu novo espaço continue:

SEJAM BEM VINDOS!!!!