segunda-feira, 26 de maio de 2008

Os tais olhos



Gonçalves Dias

Seus olhos


Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
Estrelas incertas, que as águas dormentes
Do mar vão ferir;


Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Têm meiga expressão,
Mais doce que a brisa, — mais doce que o nauta
De noite cantando, — mais doce que a frauta
Quebrando a solidão,


Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
São meigos infantes, gentis, engraçados
Brincando a sorrir.


São meigos infantes, brincando, saltando
Em jogo infantil,
Inquietos, travessos; — causando tormento,
Com beijos nos pagam a dor de um momento,
Com modo gentil.

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
Às vezes luzindo, serenos, tranqüilos,
Às vezes vulcão!


Às vezes, oh! sim, derramam tão fraco,
Tão frouxo brilhar,
Que a mim me parece que o ar lhes falece,
E os olhos tão meigos, que o pranto umedece
Me fazem chorar.


Assim lindo infante, que dorme tranqüilo,
Desperta a chorar;
E mudo e sisudo, cismando mil coisas,
Não pensa — a pensar.


Nas almas tão puras da virgem, do infante,
Às vezes do céu
Cai doce harmonia duma Harpa celeste,
Um vago desejo; e a mente se veste
De pranto co'um véu.


Quer sejam saudades, quer sejam desejos
Da pátria melhor;
Eu amo seus olhos que choram em causa
Um pranto sem dor.


Eu amo seus olhos tão negros, tão puros,
De vivo fulgor;
Seus olhos que exprimem tão doce harmonia,
Que falam de amores com tanta poesia,
Com tanto pudor.


Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
assim é que são;
Eu amo esses olhos que falam de amores
Com tanta paixão.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Recriar

Hoje os olhos brilham mais do que os dias que ficaram apagados... todos eles juntos...
... E brilham pra cara.lho!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
(sorry, não tinha outra palavra possível)

Faça o que for necessário para ser feliz.
Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples,
você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.
Mário Quintana

De como Dizer Eu Te Amo sem Dizer Eu Te Amo e sem Gastar os Olhos da Cara

Admirá-la, sempre na paudurescência, enquanto ela se olha no espelho para conferir a roupa. Beijar os pés da moça em público, sempre que possa, como numa crônica de Maria. Se for liso, pobre de marre-marré, dar uma bijuteria de R$ 1,90 com a devoção e a dramaturgia de uma jóia da Tiffany´s - vide Bonequinha de Luxo, o filme. Levar chá de erva-cidreira na cama e ler um
conto-fábula de Ítalo Calvino para niná-la. Conduzi-la ao jantar
num restaurante bem farto, com sobremesa idem, para mostrar que ela é linda, foda, uma formosura, e não precisa emagrecer nem mesmo os 21 g do peso da morte, como no filme. Acompanhá-la nas compras e agarrá-la pra valer nos provadores, se possível fodê-la pelo cantinho das calcinhas novas [de pano] recém adquiridas. Aplicar a lição do vinil:
1) passar a mão nas costas dela, a noite toda, carinhosamente, como se fosse o braço de uma velha radiola;
2) de manhã passar a mão na bundinha dela como se fosse um DJ fazendo scratch.
Comprar, de vez em quando, um patê especial para o felino dela - os gatos estão para o amor assim como os cães estão para a amizade. Pedir de presente, sempre que possa, uma linda golden shower - forma de mostrar que ama tudo - glândulas, tripas & coração - que seja ou tenha origem no corpo dela. Ser firme na hora em que ela for melindrada ou agredida por alguém, seja o guardador de carro, seja o garçom, seja o bispo, o presidente da ordem ou o mandachuva- mor do Bananal. Não cobiçar a mulher do próximo quando estiver ao lado dela; pode parecer o mínimo, mas é um puta presente. Além do mais, você, velho cabrón, evitará aquele insuportáveis torcicolos que não curam nem mesmo com os milagrosos emplastros Sabiá ouBrás Cubas. Em vez de condená-la em uma pisada na bola - tipo foder gostoso com outro! -, tirar proveito erótico disso, provocando- a para ouvir outras boas histórias.

Xico Sá

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Mais música, muita música, sempre música

Friedrich Nietzsche

"Sem a música, a vida seria um erro"

"E aqueles que foram vistos dançando, foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música."



E falando em boa música... Ney Matogrosso!!!
Fui em um show "comportado" dele. Foi espetacular!!
Mas não acredito que perdi ele em uma das suas INCLASSIFICÁVEIS performances!!





Um pouco de calor

Saí à toa nessa madrugada
Sem saber porquê
A noite daqui é tão linda e me faz me perder
Penso num belo horizonte em poder te ver
Sei que eu não tenho mais nada a perder

Meu carro que não quer mais andar
Essa noite que não quer mais terminar
Onde está você meu amor?
Eu preciso de um pouco de calor

Saí à toa nessa madrugada

Sem saber porquê
A noite daqui é tão linda e me faz me perder
Penso num belo horizonte em poder te ver
Sei que eu não tenho mais nada a perder
Se eu não tenho mais nada a perder
No meu peito eu tenho você
É nessa estrada que eu quero estar
Eu quero o dia, a noite e o mar e cantar

Meu carro que não quer mais andar
Essa noite que não quer mais terminar
Onde está você meu amor?
Eu preciso de um pouco de calor

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A Máquina

"É o mundo que você quer, pois eu trago ele pra você"


Sei que o filme já é velho, mas o comentário tb, pq já faz umas 2 semanas que assisti. Mas ainda estou encantada com a leveza e a doçura do filme. Além do encantamento com os atores. Sei que o filme foi criticado em relação ao cenário, tratamento de imagem e o caralho a quatro... que eu não entendo bulhufas, portanto, achei o filme, além de muito emocionante, Lindo!!!



- Não vou esperar. Sabe por quê? Por que esse tal amor que personagem finge que sente, amor dessa qualidade que tem paciência até pra esperar passar entre um anuncio e outro, parcialmente não voltando a nos apresentar para concluir que tinha fingido que tinha começado! Esse amor é somente de ficção, e é muito diferente desse amor aqui que eu sinto, negocio de doido! que eu não encontro nome, e nem em todas as palavras existentes e que não tem som e nem letra escrita que explique como ele é exagerado!

- Onde foi que tu leu isso Antônio?

- Eu nem li nem decorei, e nem sei repetir de novo, porque simplesmente esse tipo de verdade não carece de ser documentada em papel, ou romance e nem filme de cinema, pois não é da conta de mais ninguém além da pessoa que sente e da responsável pelo afeto causado! A conversa aqui é somente entre tu e eu!


Mas tb tem muitas críticas boas, e uma delas traduz exatamente o que eu senti, é um sonho poético!!! Além da trilha de Chico Buarque...




Porque Era Ela, Porque Era Eu
Chico Buarque

Eu não sabia explicar nós dois


Ela mais eu

Porque eu e ela

Não conhecia poemas

Nem muitas palavras belas

Mas ela foi me levando pela mão

Íamos todos os dois

Assim ao léo

Ríamos, choravamos sem razão

Hoje lembrando-me dela

Me vendo nos olhos dela

Sei que o que tinha de ser se deu

Porque era ela

Porque era eu

A incrível arte da vigília

Talvez pela minha incurável insônia, eu ainda não tenha perdido, no meio desta conturbada vida moderna, o prazer de ver o outro dormindo. De vigiar, de prestar atenção para que nada atrapalhe aquele momento sublime... por vezes me perdendo até do que eu estava fazendo (normalmente vendo um filme), principalmente quando balbucia coisas inteligíveis.
E, já na cama, quando vira, ainda dormindo, procurando minha mão, me abraçando...
Isso sim, não tem preço, caros leitores (se é que existe algum... rs)




CÃO DE GUARDA (RELOADED, A PEDIDOS)
Xico Sá


“Amar, além de muitas outras coisas, quer dizer deleitar-se na contemplação e na observação da pessoa amada”, sopra o velho escritor Alberto Moravia, sempre aqui na cabeceira.

Uma das melhores coisas da vida é observar a pessoa amada que dorme,entregue, para além dos pesadelos diários.

Como bem disse Antônio Maria, o grande cronista que aparece com ciúmes até da própria sombra na vida e no livro da Danuza , um homem e uma mulher jamais deveriam dormir ao mesmo tempo, embora invariavelmente juntos, para que não perdessem, um no outro, o primeiro carinho de que desperta.

Experimente você também, sensíiiiiiiivel leitora, vê o seu homem quando dorme. Há uma beleza nessa vigília que os tempos corridos de hoje não percebem.

Amar é... vê-lo dormindo como um Garfield lesado e alasanhado.

Cada mexidinha, cada gesto. O que sonha nesse exato momento? Tomara que seja comigo, você pensa, pois o amor também é egoísmo.

Gaste pelo menos meia hora por semana nesse privilegiado observatório.

Psiuuuuu!
Ela dorme.

Mãozinha no ar, como se apanhasse pássaros, que coisa mais linda. Uns 23 minutos assim, mirei no rádio-relógio. A mão desce ao colchão, quase dormente, formigamentos. Coça o nariz. Põe a mãozinha direita entre as coxas. Agora vira de lado, como os antigos LPs quando gastavam as seis músicas do A. E me abraça como nunca fosse partir, corpos viciados, almas em busca de um acerto.

Dorme, meu anjo.
Ela obedece.

Vigio o sono dela como um soldado zapatista na selva escura.
Como um cão zela o sangue do dono.
Como se fosse um homem-exército e pronto.

Amar, no início era o verbo intransitivo da alemã professora de amor de Mario de Andrade. O idílio tem sobrevida, não como gênero, mas como vício, vício de amar. Amar de muito.
A mão desce agora sobre o meu peito, como se medisse meus batimentos.

A mão direita volta para a arte de apanhar pássaros, que beleza, que diabos!

O ideal é que você, amiga leitora e sensivi, durma do lado esquerdo da cama, o do coração, sempre.

Mãozinha no ar catando pássaros. Até se acalmar de vez.
Calmaria danada de horas, sem coreografias ou narrativas. Sonha, sonha, sonha, minha menina.

Como é lindo a vigília ao sono dela.

Coça o nariz. Sussurra umas onomatopeiazinhas lindas de sonhos de besouros.
Ela arruma os cabelos como algas, entorpeço num mergulho.

Observar o sono do(a) amado(a) é a melhor maneira de mapear a sua beleza.
É a melhor maneira de conhecer o homem ou a mulher com quem dormimos.

E como são lindas aquelas marquinhas deixadas pelos lençóis no corpo dela. Um mapa de delírios! Melhor é lê-las como quem adivinha os sonhos e o futuro no fundo da xícara árabe ou nas cartas.

Mudanças


"Enquanto não encerramos um capítulo, não podemos partir para o próximo. Por isso é tão importante deixar certas coisas irem embora, soltar, desprender-se. As pessoas precisam entender que ninguém está jogando com cartas marcadas, ás vezes ganhamos e ás vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é."

(Fernando Pessoa)
Trilha sonora deste post: Legião Urbana!!!!!!!!!

terça-feira, 13 de maio de 2008

Ópera do Mallandro

Isso mesmo, com "ll". Este curta dirigido por André Moraes faz uma paródia dos ícones dos anos 80, homenageando nada mais, nada menos que Sérgio Mallandro... é muito legal.

Aqui dá p ter uma idéia do que é o vídeo, mas se quiser ver na íntegra, ele está disponível no My Space do André Moraes.



Dando uma olhada no site, ele diz que dirigiu um curta de dublagem chamado "O destino de Miguel", onde faz uma paródia do filme "Shakespeare Apaixonado". Alguns dos dubladores são o elenco do programa Sexo Frágil, que era exibido na Globo... Para assistir tudinho, saber como a idéia surgiu, o elenco e curiosidades é só clicar aqui.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Este também sabe fazer chorar

Não sou mãe, ainda, mas vejo a minha e mutas outras mães na mãe de Xico. Lembro da minha, no aeroporto, só com uma lagriminha nos olhos, que dentro destes dava p ver o coração pequenininho!!!
Elas tem sempre que fazer dos filhos seres fortes, prontos p vida!!
Tá certo que muitas vezes perdem a mão, mas todas nós um dia perderemos... e um dia, mesmo que demore, os filhos vão entender que tudo foi para tentar ajudar... nem sempre dá certo... pq ng nasce sabendo, e como diria o poetinha

Filhos . . . Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?


BENÇA, MÃE* (Xico Sá)


Mãe, ainda me lembro quando tu colocaste a rede no fundo da mala, mala de couro, forrada com brim cáqui, e perguntaste, tentando sorrir no prumo da estrada: “Filho, será que na capital tem armador nas paredes?”

Naquela noite eu partiria para o Recife, que conhecia apenas de fotos e do mar de histórias trazidos pelos amigos. Lembro de uma penca de fotografias em especial, que ilustrava uma bolsa de plástico que usava para carregar meus livros e cadernos. Lá estavam as pontes do centro, casario da Aurora ao fundo, lá estava a sede da Sudene, símbolo de grandeza naquele apagar dos anos 1970, lá estava o Colosso do Arruda, o estádio do Santa...

Quando o ônibus gemeu as dores da partida, aquela zoada inesquecível que carregamos para todo o sempre, tu me olhaste firme, e eu segurei as lágrimas tão-somente para dizer que já era um homem, que era chegada a hora de ganhar o mundo, o mundo que conhecia somente pelo rádio, meu vício desde pequeno, no rádio em que ouvia os Beatles, as resenhas e as transmissões esportivas das rádios Nacional, além de todo um sortimento de novidades daqui e do estrangeiro.
Lembro que naquele dia, mãe, ouvimos juntos o horóscopo de Omar Cardoso, na rádio Educadora (ou teria sido na Progresso de Juazeiro?). Que falava dos novos rumos do signo de Libra. Você disse: “Tá vendo, meu filho, você será muito feliz bem longe”.

A voz de Omar Cardoso e o seu mantra ecoava no juízo: “Todos os dias, sob todos os pontos de vista, vou cada vez melhor!”

Foi o dia mais curto de toda a existência. O almoço chegou correndo, a merenda da tarde passou voando... e quando dei fé estava diante da placa Crato/Recife, Viação Princesa do Agreste.

Todo choro que segurei na tua frente, mãe, foi derramado em todas as léguas seguintes. Mal chegou em Barbalha eu já estava com os dois lenços de pano –outro cuidado seu com o rebento- molhados. Em Missão Velha, uma moça bonita, uma estudante que voltava de férias, me confortou: “É para o seu bem, foi assim também comigo”.

Quando chegou em Salgueiro, além dos lenços e da camisa nova -xadrezinho da marca Guararapes-, o livro Angústia, de Graciliano Ramos, um dos motivos da minha vontade de conhecer a vida, também já estava encharcado.

E assim foi a viagem toda. Com direito a soluços, que acordaram a velhinha que ia ao meu lado, quando o ônibus chegou ao amanhecer no Recife.

Arrastei a mala pelo bairro de São José e procurei a pensão mais econômica.

Sim, mãe, tem armador de rede, escrevi na primeira carta. Naquele tempo não usava-se, em famílias sem muito dinheiro, o telefone. Era tudo na base do “espero que esta te encontre com saúde”, como a gente escrevia na formalidade das missivas.

É mãe, neste teu dia, que está quase chegando a hora, quero lembrar que a coisa que mais me comoveu foi tua coragem, que eu até achava, cá entre nós, que fosse dureza além da conta d´alma. Até falei, um dia no divã, sobre o assunto, como se eu quisesse que naquela despedida o sertão virasse o teu mar de pranto.

Eis que recentemente me contaste como foi duro, que tudo não passava de um jeito para não fazer que eu desistisse de ganhar a rodagem. Aí me lembrei de uma sabedoria que citava nas cartas e bilhetes, quando eu esmorecia um pouco na sobrevivência da cidade grande: “Saudade não bota panela no fogo”. E ainda reforçava: “Saudade não cozinha feijão, coragem, filho, coragem”.

Em nome das mães de todos os meninos e meninas que partiram, dona Maria do Socorro, quero te deixar beijos e flores.

Sim, mãe, agora já sabes que somos de uma família de homens chorões, são 04h06 de uma quarta-feira e eu choro um pouco, como fazia no fundo daquela rede colorida que puseste no fundo da mala, chorava tanto nos sótãos das pensões do Recife que os chinelos amanheciam boiando no quarto, como se quisessem tomar o caminho de volta para casa.


*crônica publicada no final de semana nos jornais O Tempo(BH), Diário de Pernambuco e Diário do Nordeste (Fortaleza).

domingo, 11 de maio de 2008

FELIZ DIA DAS MÃES

Minha Mãe

Vinicius de Moraes



Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo

Tenho medo da vida, minha mãe.

Canta a doce cantiga que cantavas

Quando eu corria doido ao teu regaço

Com medo dos fantasmas do telhado.

Nina o meu sono cheio de inquietude

Batendo de levinho no meu braço

Que estou com muito medo, minha mãe.

Repousa a luz amiga dos teus olhos

Nos meus olhos sem luz e sem repouso

Dize à dor que me espera eternamente

Para ir embora. Expulsa a angústia imensa

Do meu ser que não quer e que não pode

Dá-me um beijo na fonte dolorida

Que ela arde de febre, minha mãe.



Aninha-me em teu colo como outrora

Dize-me bem baixo assim: — Filho, não temas

Dorme em sossego, que tua mãe não dorme.

Dorme. Os que de há muito te esperavam

Cansados já se foram para longe. Perto de ti está tua mãezinha

Teu irmão. que o estudo adormeceu

Tuas irmãs pisando de levinho

Para não despertar o sono teu.

Dorme, meu filho, dorme no meu peito

Sonha a felicidade. Velo eu



Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo

Me apavora a renúncia. Dize que eu fique

Afugenta este espaço que me prende

Afugenta o infinito que me chama

Que eu estou com muito medo, minha mãe.


O poema acima foi extraído do livro "Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 186.

Seja doador!!!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Diversas formas


Eu já postei esta música há muuuuuuuuuuuuuuuuito tempo, mas no outro blog, portanto, por aqui ela é nova...

Gosto muito, parece até que fui eu que escrevi... se eu fosse capaz de escrever algo assim... escrevendo com coerência eu já me dou por satisfeita... rs

O que mais me encanta na música, na literatura, é como tudo que vc lê ou ouve muda de significado, te traz novos sentimentos cada vez que passam pela sua vida, em diferentes momentos...





Cuida de Mim
O Teatro Mágico (Fernando Anitelli)

Pra falar verdade, às vezes minto
Tentando ser metade do inteiro que eu sinto
Pra dizer as vezes que às vezes não digo
Sou capaz de fazer da minha briga meu abrigo
Tanto faz não satisfaz o que preciso
Além do mais, quem busca nunca é indeciso
Eu busquei quem sou;
Você, pra mim, mostrou
Que eu não sou sozinho nesse mundo.

Cuida de mim enquanto não esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo que sou quem eu queria ser.
Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo, enquanto fujo.

Basta as penas que eu mesmo sinto de mim
Junto todas, crio asas, viro querubim
Sou da cor, do tom, sabor e som que quiser ouvir
Sou calor, clarão e escuridão que te faz dormir
Quero mais, quero a paz que me prometeu
Volto atrás, se voltar atrás assim como eu.

Busquei quem sou
Você, pra mim, mostrou
Que eu não estou sozinho nesse mundo.

Cuida de mim enquanto não esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo que sou quem eu queria ser.
Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo, enquanto fujo.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Eu quero é mais!!!


Antoine Rivarol
A esperança é um empréstimo que se pede à felicidade.

Paulo Geraldo
Não é possível alcançar o topo da montanha e, simultaneamente, permanecer deitado à sombra lá em baixo.

Mark Twain
Coragem é resistência ao medo, domínio do medo, e não ausência do medo.

Nietzsche
O caminho para todas as coisas grandiosas passa pelo silêncio.


segunda-feira, 5 de maio de 2008

Coração Vagabundo

Eu ADORO esta música... sempre gostei, mas como agora ela está na novela, numa versão lindinha de Ana Cañas, e cabe como uma luva no meu momento... ando gostando mais...
Mas, não tem jeito... vou colocar aqui a versão da poderosíssima Gal Costa!!!



Coração Vagabundo
Composição: Caetano Veloso


MEU CORAÇÃO NÃO SE CANSA
DE TER ESPERANÇA
DE UM DIA SER TUDO O QUE QUER
MEU CORAÇÃO DE CRIANÇA
NÃO É SÓ A LEMBRANÇA
DE UM VULTO FELIZ DE MULHER
QUE PASSOU POR MEUS SONHOS
SEM DIZER ADEUS
E FEZ DOS OLHOS MEUS UM CHORAR
MAIS SEM FIM
MEU CORAÇÃO VAGABUNDO
QUER GUARDAR O MUNDO
EM MIM
MEU CORAÇÃO VAGABUNDO
QUER GUARDAR O MUNDO
EM MIM

Amigos merecem


Desde que meu bebê loiro de sorriso arrebatador se foi, nunca mais consegui ouvir esta música sem chorar. Não que agora eu consiga, pq parece que a saudade nunca passa, e as lembranças ficam sempre, e muito fortes, mas tb é com alegria, por saber que existem pessoas que "fazem valer a pena".

Pessoas que realmente merecem ser guardadas do lado esquerdo do peito, debaixo de sete chaves... mas, preste bem atenção... talvez seja melhor não dar seus telefones, isso pode ser um perigo... hahahahaha

E provam que realmente uma amizade verdadeira é capaz de sobreviver ao tempo, aos namoros, às novas perspectivas de vida... e tudo o mais que faz com que, infelizmente, e mesmo não querendo, as pessoas se distanciem.

Mas é de verdade... e tá tudo aí de novo, como se tivéssemos 16 anos... com problemas um pouco maiores, mas tb com um amor que só tende a crescer!!!

Realmente existem pessoas inesquecíveis e, com certeza, insubstituíveis!!!!!!!!!
Principalmente pq 2 pessoas sem noção deste jeito, fica um tantinho difícil... hahahahaha

Obrigada por tudo Kiki!!!

Canção Da América
Composição: Fernando Brant e Milton Nascimento

Amigo é coisa para se guardar

Debaixo de sete chaves

Dentro do coração

Assim falava a canção que na América ouvi

Mas quem cantava chorou

Ao ver o seu amigo partir

Mas quem ficou, no pensamento voou

Com seu canto que o outro lembrou

E quem voou, no pensamento ficou

Com a lembrança que o outro cantou

Amigo é coisa para se guardar

No lado esquerdo do peito

Mesmo que o tempo e a distância digam "não"

Mesmo esquecendo a canção

O que importa é ouvir

A voz que vem do coração

Pois seja o que vier, venha o que vier

PS: Colocar a última frase, aí já é demais p mim... licença poética!!!

domingo, 4 de maio de 2008

Paulo Leminski

Apagar-me

Apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme.

sábado, 3 de maio de 2008

Ou não...

O Jardim Das Delícias de Hieronymus Bosch
Impossível
Disseram-me hoje, assim, ao ver-me triste:
"Parece Sexta-Feira de Paixão.
Sempre a cismar, cismar de olhos no chão,
Sempre a pensar na dor que não existe...

O que é que tem?! Tão nova e sempre triste!
Faça por estar contente! Pois então?!..."
Quando se sofre, o que se diz é vão...
Meu coração, tudo, calado, ouviste...

Os meus males ninguém mos adivinha...
A minha Dor não fala, anda sozinha...
Dissesse ela o que sente! Ai quem me dera!...

Os males de Anto toda a gente os sabe!
Os meus ...ninguém... A minha Dor não cabe
Em cem milhões de versos que eu fizera!...

Florbela Espanca

Contador

Pô galera... coloquei contador no blog, vi que várias pessoas entraram e ng deixou um comentário?!?!?!
Fala um oi... manda um beijo... xinga... fala que o blog é uma merda... rsrsrs
E hj eu não vou postar nada pq não estou com o menor saco, ok?!?!

Beijos

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Apropiado para o dia de hoje

APROPRIADO PARA UM DIA DE CHUVA

Com um olho
de quem não dormiu o suficiente
e há de se sentir insuficiente

(e há de se sentir estrangeiro
até mesmo
na casa do ser) –

penso: a questão do ser
não pode ser solucionada
com barbitúricos.

Não pode ser sequer mencionada,
nem mesmo depois
de uma boa noite de sono:

porque, depois de uma boa noite
de sono, tudo o que vem,
tudo o que a manhã nos devolve

é o dia que se nos devolve:
suas asas, seu anjo,
suas agonias domésticas

(seu inverossímil enredo).
Não pode ser, porque
é a questão do ser:

e a questão do ser
não é senão a própria questão do ser –
este estar aqui, a dizer

isto, a girar
e a responder a uma pergunta
que não sei sequer formular.

Renato Suttana