quarta-feira, 15 de abril de 2009

Delícia...


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- Amo-o mesmo;não posso deixar de gostar de você.

Era a hora de Rosemary chorar. Ela escondeu o rosto e chorou.

- Creio que também estou apaixonado por você - disse Dick - E não é a malhor coisa que podia me acontecer.

De novo disseram o nome um do outro, depois se agarraram, como se o balanço do carro os tivesse unido. Os seios de Rosemary esmagaram-se no peito de Dick, sua boaca agora tinha um novo calor, pertencia a ambos. Com uma espécie de doloroso alívio, deixaram de pensar, deixaram de ver; apenas respiravam e se sentiam. Pareciam que estavam no suave e nebulosio mundo de um dia de ressaca. Mas a causa não era a bebida e sim o cansaço, quando os nervos se relaxam em feixes, como cordasde piano, estalando subtamente como em cadeiras de vime. Nervos tão sensíveis e tensos deviam certamente encontrar outros nervos, lábios contra lábios, peito contra peito.

Ainda estavam no estágio mais feliz do amor. Tinham grandes ilusões a respeito um do outro, imensas ilusões, de modo que a comunhção entre aqueles dois seres estava num plano em que nenhuma outra relação humana importava. Parecia que ambos tinham alcançado esse estágio com extraordinária inocência, como se uma série de meros acidentes os tivesse reunido; tantos acidentes que eles realmente haviam chegado a conclusão de terem sido feitos um para o outro. Tinham vindo de mãos limpas, por assim dizer, sem se macular com atos curiosos ou clandestinos.

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Trecho de "Suave é a noite" de F. Scott Fitzgerald

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