quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Homens que não gostam de mulheres

Um dia antes da minha partida para o caloroso Rio de Janeiro, leio esta matéria. Logo eu que estava tão preocupada em emagrecer, malhando todos os dias, fazendo regime, até um pequeno incidente (acidente) me tirar da academia e me fazer comer mais do que devia... aí pronto... neura... "tô gorda, não vou por biquini, olha estas banhas, e o tamanho da minha barriga...". Nada que mulhres já não tenham dito e homens não tenham escutado.
Bom, após ler isso me sinto um pouco melhor, irei menos neurótica, mas voltarei p academia...
Mas isso não faz com que eu não pense na escravidão em que vivem estas meninas, a falta de saúde delas, e de respeito de quem as "produz".
Só espero que mais mulheres leiam esta matéria e não se sintam presas ao "padrão de beleza" das passarelas, e com isso sejam mais felizes....
E como bem lembra o título: homem não sabe a diferença entre estria e celulite... se souber, desconfie!!!

E aproveitando: BOM CARNAVAL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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Homens que não gostam de mulheres


Não estive presente na São Paulo Fashion Week. Mas li sobre a matéria. Com fascínio. Com horror. Folheando virtualmente a imprensa americana, passei os olhos pela revista "New York" (não confundir com a "The New Yorker") e encontrei fotografia sobre o evento. Corrijo. Fotografia sobre os bastidores do evento.

Espetáculo admirável: meia dúzia de modelos mudando de roupa, oferecendo os corpos despidos a uma câmera fotográfica. Dizer que as modelos são magras é, se me permitem, um eufemismo. Magro sou eu. As modelos são esqueletos mórbidos com a pele dramaticamente colada aos ossos. Só faltam as moscas a rodear estes cadáveres adiados. Ou os abutres.

Os organizadores do evento mostram preocupação. Paulo Borges, por exemplo, fala em medidas urgentes para combater o horror. Mas que medidas? Nos últimos anos, a São Paulo Fashion Week exigiu peso mínimo para evitar donzelas subnutridas. Pelos vistos, as agências e os criadores não ouvem os apelos e continuam a apostar nos esqueletos.

Longe de mim sugerir soluções. Até porque o problema, temo bem, não tem solução. Basta regressar à foto e perguntar, com honestidade possível, se existe algum homem na Terra que sinta genuína atração por mulheres que são espectros de mulheres.

Não creio. Nas modelos da São Paulo fashion Week não existe qualquer sombra beleza; não existem as curvas e contracurvas por onde desliza a imaginação. Qualquer homem que goste de mulheres, confrontado com estas mulheres, não sente a vontade inevitável de as despir. Pelo contrário: sente o pudor paternalista e humanitário de as vestir. De as nutrir. E, em certos casos, de mandar chamar o cangalheiro.

A anorexia que sacode o mundo da moda não se explica por uma busca extrema de "elegância" ou "perfeição". Na moda de hoje, não existe "elegância" ou "perfeição" no sentido clássico dos termos. Porque não existe sentido de "harmonia" ou de "proporção".

O que existe é um meio dominado por agências ou criadores que não gostam de mulheres. Agências ou criadores que desfiguram e ridicularizam as mulheres porque abominam nelas tudo aquilo que é deliciosamente sensual e feminino.

João Pereira Coutinho, 33, é colunista da Folha. Reuniu seus artigos para o Brasil no livro "Avenida Paulista" (Record). Escreve quinzenalmente, às segundas-feiras, para a Folha Online.

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