quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Paquito da Xuxa x Casca de Jaca

PARA BEIJAR A LONA DO AMOR E DA SORTE


-Só não vou te perguntar se vens sempre aqui porque a casa inaugurou hoje.

Acreditem, com esta abordagem lindamente ingênua, uma rápida e metalinguística variação do infrutífero clichechão “vens sempre aqui?”, mr. Abelha, um amigo que flana na noite de SP, despertou na gazela um daqueles sorrisos que muitos bacanas só conseguem em troca de um diamante, um presente da Tyffani´s ou 12 trabalhos de Hércules.

Mr. Abelha não tem bala na agulha para bancar uma bonequinha de luxo, também não é um típico “maníaco do trechinho”, como chamamos aqueles supostos intelectuais que disparam duzentas citações e frases de efeito por minuto. Ele tem apenas a manha de fazer sorrir a mais existencialista das afilhadas de Jean-Paul Sartre. E isso é o que conta no primeiro momento, seja qual for o estilo do cavalheiro.

Se o camarada não for lá, digamos assim, um gato, vai carecer ainda mais do poder da simpatia e do algo mais. Sim, um mal-diagramado, caso deste cronista que vos aborda, sabe muito bem que a sua luta é quase sempre por pontos, ali na corda do discurso amoroso, minando a resistência da moça no ringue mais lírico, riso a riso, drinque a drinque, gesto a gesto.

O contrário do bonitão, do galã, sempre confiante, pois está acostumado a vencer por nocaute –embora muitíssimas vezes quebre a cara e volte para casa mascando o jiló do desprezo.

Sim, os desprovidos, como se diz, da beleza padrão, carecem ganhar sempre por pontos; os bonitões guardam na caixa torácica a soberba do triunfo por nocaute.

O melhor de tudo, para sorte nossa, é que a beleza é passageira e a feiúra só acaba no túmulo, como dizia o doce canalha fancês Serge Gainsbourg. Com essa conversinha mole, e muito charme, óbvio, o autor da clássica "Je t'aime moi non plus", a chanson mais tocada nos motéis do mundo inteiro, teve belas e quentíssimas histórias de amor com Jane Birkin e Brigitte Bardot, entre outras tantas fraquinhas da época.

Para fechar o boteco, duas dicas de livros que caem bem como saideira e post scriptum dessa crônica: “Por um punhado de Gitanes” (ed.Barracuda), biografia de Gainsbourg escrita pela jornalista inglesa Sylvie Simmons, e “Por um bife e outras histórias de boxeadores” (ed. Artes & Ofícios), do velho lobo da selva Jack London. Beijo para quem é de beijo, abraço para quem é de abraço, e até a próxima.


Xico Sá

Um comentário:

disse...

to no time desse com mais conteúdo do que forma!
conquista muito mais...